A trágica morte de Aisha Vitória Silva, de 9 anos, em Pernambués, tem um impacto profundo em crianças de todo o país. Embora os laudos periciais ainda estejam pendentes, a suspeita inicial é de que a menina foi vítima de violência sexual. Infelizmente, em grande parte dos casos de abuso sexual, os agressores são familiares ou pessoas próximas.
Neste ano, mais de mil denúncias de crimes sexuais contra crianças e adolescentes foram registradas na Bahia. O Disque 100 recebeu 1.191 denúncias de violações desse tipo, sendo que 84,2% delas ocorreram em locais frequentados pelas vítimas, como suas próprias casas, casas de familiares ou dos suspeitos. Esses dados são fornecidos pelo painel on-line do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH).
A ocorrência de crimes desse tipo está intrinsicamente ligada à cultura do estupro, que perpetua comportamentos que silenciam e violentam mulheres de todas as idades. “A cultura do estupro está relacionada com a ideia de que o corpo da mulher não é uma propriedade dela, mas que pode ser acessado por todos os homens”, explica Izaura Santiago da Cruz, coordenadora do grupo de pesquisa em Ciência, Gênero e Educação do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim/Ufba).